Segundo dados da Secretaria Municipal
de Saúde, do início do ano até o dia 8/4,
foram registrados 1.745 casos de dengue na cidade de São Paulo. Isso representa um aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os bairros mais afetados fo­ram: Jaguaré, Rio Pequeno e Lapa, na zona oeste, e Tremembé, na zona norte. Juntos, respondem por 43% do total de ocorrências.

No bairro do Tremembé, o número de notificações recebidas aumentou de 48 para 123 entre 2013 e 2014. Em Jaguaré, uma criança de seis anos morreu em decorrência de um tipo grave da doença.

Para a secretaria, a escassez de chuvas no último verão atrasou o aparecimento e a transmissão da doença, que normalmente é registrada nos primeiros meses do ano. Diante da situação, a Pre­feitura informou estar realizando ações de combate, com visitas a imóveis e retirada de criadouros.

Os dados oficiais registram orientação em 272 mil imóveis com panfletos, visitas e bloqueios de criadouro em 107 mil casas e comércios, além de nebulização em cerca de 11 mil com aparelho costal.

Ainda de acordo com a administração municipal, cerca de 120 mil visitas foram realizadas de casa em casa, além de ações em 6 mil pontos estratégicos, como desmanches, ferro velhos, floriculturas e borracharias. As campanhas de conscientização também estão sendo intensificadas em rádio e no transporte público.

Histórico

O primeiro caso de dengue relatado na literatura médica foi registrado em 1779. Desde então, em especial no continente americano, caracterizou-se por epidemias periódicas, porém pouco frequentes. Nas últimas duas décadas sua incidência aumentou. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 80 milhões de pessoas são infectadas anualmente. Entre elas, 500 mil são hospitalizadas e 20 mil chegam a morrer.

No Brasil, por volta de 1955, a doença chegou a ser erradicada. Mas, em 1967, foram registrados vários casos em Belém, no Pará, e em São Luis, no Maranhão. Nos anos 70, alguns casos foram notificados no Rio de Janeiro, em Salvador e em Natal. No Estado de São Paulo, a dengue foi detectada pela primeira vez, em 1987, nas cidades de Guararapes e Araçatuba. Em 1999, foram registrados os dois primeiros casos autóctones (infectados na própria cidade).

Em uma cidade urbanizada como São Paulo, a disseminação da dengue acontece em especial por uma questão básica e teoricamente de fácil solução: a falta de limpeza. Objetos simples do cotidiano como caixas d’água, vasos de plantas, garrafas de refrigerante ou qualquer embalagem reaproveitada podem se transformar em criadouros em potencial para o Aedes aegypti, transmissor da doença. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas residências. Então, o único modo de prevenção é limpar e retirar tudo que possa acumular água e oferecer risco.

A doença

A dengue é uma doença febril aguda. Uma pessoa adquire a doença com o vírus que penetra no organismo, através da picada de um mosquito infectado, o Aedes aegypti. Após a picada, há um período de incubação que varia de 3 a 15 dias.

Seus sintomas são muitas vezes confundidos com os de uma gripe muito forte. Entre eles: febre, náuseas, vômitos, dores no corpo, nas articulações e nos olhos. Algumas manchas vermelhas, parecidas com as de sarampo ou rubéola, podem surgir pelo corpo.

A dengue, mesmo em sua forma mais simples, é uma doença séria. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, deve redobrar os cuidados preventivos. Em casos mais graves (dengue hemorrágica), a pessoa pode correr risco de morrer se não for tratada em tempo.

Em caso de suspeita de contágio, é fundamental procurar um profissional de saúde e nunca
medicar-se por conta própria. É importante também que o paciente fique em repouso e ingira bastante líquido.

Prevenção

A prevenção da dengue só é possível através da conscientização da população de seu próprio papel nesta história.  Cada cidadão pode fazer sua parte a partir de medidas simples.

Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia, a fim de evitar acúmulo de água. Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo e as recicláveis deixadas fora do alcance da chuva. Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo.

Caixas d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras (sem rachaduras) ou cobertas com tela (mosquiteiro). Piscinas devem ser tratadas com cloro ou mantidas cobertas.

Pneus velhos devem ser furados ou guardados em locais cobertos. Lonas, aquários e brinquedos devem ser guardados em locais secos.

Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou a ações como a “Operação Cata-Bagulho”, promovida pelas Subprefeituras.

Já as plantas que acumulam água (como por exemplo, bromélias e espadas de São Jorge) deverão ser regadas diretamente na terra.