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Diagnóstico tardio de ceratocone pode ameaçar saúde
dos olhos dos mais jovens |
Segundo estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), hoje no Brasil há 100 mil jovens com ceratocone, maior causa de transplante de córnea no País. Uma pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, metade dos jovens que sofrem com a doença só tem o diagnóstico aos 20 anos de idade ou mais.
Em geral, o problema aparece aos 16 anos e torna a visão desfocada porque afina e deforma a córnea, lente frontal do olho. Entre seus sintomas estão visão embaçada, coceira, vista cansada, dor de cabeça, fotofobia e dificuldade para enxergar à noite. Tais males acabam gerando trocas sucessivas de óculos e dificuldade de adaptação às lentes de contato.
O diagnóstico tardio pode acelerar ou inviabilizar a aplicação de crosslink e o implante de anel intracorneano, dois procedimentos que evitam o transplante. Outro agravante é que somente um quarto dos pacientes só consultam o oftalmologista quando sentem algum desconforto ou alteração no grau.
Queiroz Neto faz então um alerta: que o ceratocone é uma doença degenerativa que não dói. Por isso, o acompanhamento médico periódico a cada 6 meses ou 1 ano conforme a gravidade da doença é essencial para manter a saúde ocular.
A pesquisa do Instituto Penido Burnier também revelou que 61% dos pacientes com ceratocone usam lente de contato para corrigir a visão. Em córneas muito deformadas, só o implante pode melhorar o conforto, mas é preciso haver condições fisiológicas para sua realização.
Outro problema apontado pelo especialista entre jovens com ceratocone é o fato de só 3 em cada 10 ter um par de óculos para descansar os olhos da lente em casos de alergia ou outra doença na superfície ocular.
As falhas mais comuns no uso de lentes apontadas pelo médico são: dormir com as lentes, prejudicando a oxigenação córnea; não lavar as mãos com água e sabão antes de manipulá-las; não trocar o estojo a cada quatro meses, guardar as lentes no banheiro, o que as expõem a contaminação e reduzir a validade da lente com o uso de colírio.
Para evitar problemas, ele recomenda: lavar as mãos cuidadosamente com água e sabão antes de manipular as lentes de contato; utilizar soluções tanto na limpeza quanto no enxágue das lentes e do estojo; friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos; não usar soro fisiológico ou água na higienização; retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo; colocar as lentes sempre antes da maquiagem, guardar o estojo fora do banheiro, em ambiente seco e limpo; trocar o estojo a cada quatro meses; respeitar o prazo de validade das lentes; jamais dormir com as lentes, mesmo as liberadas para uso noturno; interromper o uso ao sinal de qualquer desconforto e procurar o oftalmologista, retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas; não entrar no mar ou piscina usando lentes.
Ainda de acordo com a pesquisa, 47% dos pacientes afirmam desconhecer o crosslink, uma terapia que interrompe a progressão do ceratocone, através da aplicação de vitamina B2 (riboflavina), associada à radiação ultravioleta. O levantamento mostra que 88% dos pacientes conquistaram a estabilização da doença e 45% tiveram melhora da visão através deste tratamento. Segundo o oftalmologista quanto antes o crosslink for aplicado maiores são as chances de obter bons resultados. “Temos vários casos de pacientes no início da adolescência que conquistaram regressão do grau”, diz. |
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