Vacina contra o HPV é responsável pela proteção de dois tipos oncogênicos, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero
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De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer “José Alencar Gomes da Silva”, o INCA, aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sigla que identifica o papilomavírus humano. O vírus, que contém mais de 150 variações, possui tipos oncogênicos, ou seja, com potencial para causar câncer, podendo ocorrer no colo do útero (mais conhecido), na vagina, ânus, pênis, orofaringe e boca.
O médico e consultor técnico do Programa Municipal de DST/Aids, da Secretaria Municipal de São Paulo, dr. Valdir Monteiro Pinto, fala que a transmissão do HPV ocorre, principalmente, através de relações sexuais sem proteção (camisinha), mas que o contágio também pode acontecer de outras formas. Isso porque o vírus é transmitido pelo contato direto com a pele ou mucosa infectada.
Segundo dados divulgados pelo INCA, estima-se que entre 25 e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial está infectada pelo HPV, que pode ser identificado em ambos os grupos com o aparecimento de verrugas genitais ou lesões no colo do útero, pênis, ânus e boca.
HPV e câncer
Dr. Valdir explica que ser diagnosticado com o vírus HPV não significa necessariamente o desenvolvimento de um câncer. “Se forem realizados os exames preventivos de rotina (papanicolau) e exames médicos periódicos, a presença do vírus por si só não é suficiente para desenvolver o câncer”.
O câncer decorrido do HPV do qual mais se ouve falar é o de colo de útero, que anualmente atinge aproximadamente 500 mil mulheres. Dr. Valdir afirma que “praticamente todo câncer de colo de útero tem a presença do HPV, mas o fato de ter o HPV não significa que todas as pessoas desenvolverão o câncer”.
Para as mulheres, outros fatores, além da infecção com HPV, também podem levar ao desenvolvimento do câncer de colo de útero, como fatores ligados a imunidade, genética e o comportamento sexual, por exemplo.
Diagnóstico
Estima-se que apenas 5% das pessoas infectadas com HPV desenvolverão algum sintoma da doença. Entre as formas de manifestação está a presença de verrugas nas genitais, ânus ou boca; e também através de infecções subclínicas (não visíveis a olho nu) que podem não manifestar nenhum sintoma, que são as lesões no colo do útero, principalmente.
Dr. Valdir ressalta a importância de realizar exames periódicos e ter um acompanhamento médico para que o diagnóstico seja feito com precisão, assim como o tratamento, quando necessário. O acompanhamento médico também é importante, pois não há tratamento para destruir o vírus.
Vacina
Desde 2014, o Ministério da Saúde oferece pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a vacinação gratuita de meninas de 9 a 13 anos de idade. Em 2017, meninas de 14 anos também passaram a fazer parte do grupo de vacinação, assim como meninos de 11 a 14 anos. Mulheres e homens com vírus HIV, de 9 a 26 anos, também têm direito à gratuidade da vacina pelo SUS.
De acordo com o calendário de vacinação adotado pelo Ministério, a vacina é dada em duas doses e em três doses para quem vive com HIV. O esquema vacinal é de 0, 2 e 6 meses. A vacina é mais indicada para quem ainda não iniciou a vida sexual, por isso a escolha das faixas etárias ainda jovens. “A vacina é indicada para essas faixas etárias, pois as pessoas geralmente ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, não entraram em contato com o vírus. Também porque a resposta imune é maior quando se vacina nessas idades”, ressalta dr. Valdir.
A vacinação fora das faixas etárias determinadas pelo Ministério da Saúde não é contra-indicada, mas deve recorrer a serviços privados, indicados por seus médicos, para receber a prevenção. É importante lembrar que a vacina é uma forma de prevenção contra o vírus, mas que, uma vez iniciada a vida sexual, é necessário fazer acompanhamento médico periodicamente, com exames preventivos para a detecção e, se necessário, tratamento de DSTs.
As vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde são oferecidas gratuitamente pela rede pública de saúde de todo o Brasil. Basta ir ao posto de saúde mais próximo, com a carteira de vacinação, para receber a imunização e mais informações sobre a prevenção.
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