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Manifesto contra o Trecho Norte do Rodoanel
é realizado no Parque da Juventude |
Na tarde do último sábado, um ato cívico contra a construção do Trecho Norte do Rodoanel foi realizado diante da Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude (Avenida Cruzeiro do Sul, 2.630). O movimento promovido por lideranças da região que se uniram em uma frente de mobilização do SOS Cantareira, teve como objetivo abrir espaço para a opinião da comunidade.
Uma tribuna elevada foi colocada no local, cercada por cartazes sobre a região da Serra da Cantareira a ser afetada pela obra e sobre o projeto, que prevê a construção de uma rodovia de 44 quilômetros de extensão, da região de Taipas até a cidade de Arujá, passando pela Serra da Cantareira, pelo Parque Estadual da Cantareira e por subdistritos de Cachoeirinha, Mandaqui e Tremembé, em alguns pontos a 10 quilômetros do centro da cidade.
O encontro, realizado de forma pacífica, reuniu representantes de entidades como: Comissão do Verde e do Meio Ambiente da OAB-SP, Rede Social Zona Norte, Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades) Santana/Tucuruvi, Ecos do Vitória, Movimento em Defesa da Cidadania da Zona Norte, Organização Psicopedagógica Equilíbrio Natural (Open) e Associação Unidos na Luta pela Igualdade (Soli), entre outras.
Manifesto foi realizado no último sábado no Parque da Juventude | “Este é um ato cívico à chamada de consciência de cada cidadão. É um ato de solidariedade, de confraternização entre as pessoas que têm entendimento do grande impacto dessa obra que passará a apenas cinco quilômetros de onde estamos”, explicou o jornalista Eduardo Britto, organizador do evento. “Os R$ 6,5 bilhões previstos para a obra poderiam ser investidos de forma muito mais proveitosa para a mobilidade na cidade. Além disso, essa obra passará pelo Parque Estadual da Cantareira, nosso mais sagrado ponto ambiental. Tentem visualizar os túneis, os tratores e os caminhões na região. É algo inadmissível em época de Rio + 20.”
Segundo o vereador José Américo, essa é uma obra, em suas palavras, “fora da lei”. “Eu insisto na questão da legalidade. Pelo Plano Diretor da Cidade, aprovado em 2004, nenhuma obra pode ser realizada em desacordo com as diretrizes estabelecidas em 2001 pela Secretaria Estadual do Verde e do Meio Ambiente. Nos outros trechos do Rodoanel, elas foram seguidas. Aqui, não está sendo”, afirmou.
Américo explicou que, pela legislação municipal, qualquer rodovia teria que ser construída no mínimo a 20 quilômetros do centro da cidade. O Plano Diretor também estabelece zonas de proteção cultural, ambiental e histórica. “No caso do Trecho Norte, esses três pontos estão sendo violados”, avaliou. “Ambiental, por passar sobre zonas especiais. Apenas uma mudança na legislação aprovada pela Câmara Municipal poderia permitir isso. E cultural e histórica porque o Parque Estadual da Cantareira é tombado e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Compresp) não foi oficialmente acionado pelo Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) para realização da obra.”
O Parque Estadual Turístico da Cantareira (criado pelo Decreto Estadual nº 41.626 de 1963) é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral paulista, tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1994, como núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
“Eu mandei uma carta para o secretario das subprefeituras, Ronaldo Camargo, alertando sobre a infração da legislação municipal e pedindo providências”, concluiu José Américo. “Quem tem que dar a última palavra sobre a obra é a Prefeitura e não o Governo do Estado. Então, ainda temos chance de impedir a obra.”
Já Vera Brasileiro, da Organização Psicopedagógica Equilíbrio Natural (Open), fez um alerta sobre os impactos da obra na saúde e na educação. “Segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), o Jaçanã é um dos bairros mais afetados pela poluição da cidade. Por isso, é grande o número de crianças com problemas respiratórios. Agora, imagine como ficará a situação com a proximidade do Rodoanel, que também passará por onde hoje há escolas”, questionou. “Nós conhecemos a região e sabemos o que pode acontecer. A Serra da Cantareira é patrimônio histórico ambiental. Como é que o governo se acha no direito de destruir aquilo? Esta não é uma questão político partidária. É uma questão humana, social e ambiental. Quem é que vai sofrer as consequências disso?”
O temor de prejuízos ao abastecimento de água na cidade devido à obra foi lembrado por Elpídio Ulian, representante do Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz Santana/Tucuruvi. “Entre todos os absurdos que depõem contra essa obra devo citar o enorme risco de desabastecimento de água de 55% da população da Grande São Paulo, uma vez que o traçado proposto intercepta os troncos da Estação de Tratamento de Água Guaraú, na Pedra Branca, a maior do Brasil”, disse. “Hoje, nós temos 86 países no mundo que já não têm mais água potável. Temos um processo de desertificação no planeta. Temos um crescimento demográfico enorme e atingiremos 9 bilhões de pessoas em 2050 e a Organização das Nações Unidas (ONU) nos alerta: os dois maiores problemas neste século serão falta de água e de comida.” E Elpídio concluiu: “O meio ambiente não é uma bandeira para não se derrubar árvores. É uma causa de sobrevivência de gerações futuras.”
Maiores informações sobre os impactos da construção do Trecho Norte do Rodoanel estão disponíveis na internet (www.rodoanelnorte.wordpress.com). |
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