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Justiça dá prazo final para que Clube de Regatas Tietê
desocupe a área de sua sede |
 ....O Clube de Regatas Tietê tem prazo de um mês para
deixar sua sede na Avenida Santos Dumont,
onde está instalado desde a sua fundação, em 1907 | Após 105 anos de história, o tradicional Clube de Regatas Tietê vive seu momento mais dramático. Apesar da árdua luta de sócios, diretores e funcionários, no dia 26/10, em reunião conciliatória marcada pela justiça entre representantes das partes envolvidas, foi determinado o prazo final para que a área onde está localizada a sede da agremiação desde a sua fundação, na Avenida Santos Dumont, seja desocupada.
O terreno de 49.720 metros quadrados é de propriedade da Prefeitura e havia sido cedido a partir de um contrato de comodato firmado através da Lei Número 7.214 de 26/11/1968, lavrada em 27/10/1969. O documento havia vencido e o prefeito Gilberto Kassab decidiu não renová-lo.
“Infelizmente a reunião, em que estavam presentes o secretário de esportes, representantes do ministério público e corregedoria da Prefeitura, não foi propícia para o Tietê”, informou Sally Barbosa Palmeiro, presidente do Conselho Deliberativo do clube à reportagem de AGZN, logo após a decisão. “Sem piedade, deram até o dia 26/11 para que nossa sede seja desocupada em função da reintegração de posse do terreno para a Prefeitura.”
Apesar de tantas glórias conquistadas ao longo de 105 anos, o tradicional Clube de Regatas Tietê pode ser obrigado a fechar suas portas de forma dramática. No dia 26/10, em reunião conciliatória marcada pela Justiça entre representantes da agremiação e da Prefeitura, foi determinado o prazo final para que a área na Avenida Santos Dumont ocupada pela sede do clube desde a sua fundação seja desocupada.
Desde o início do ano, diretores, sócios e funcionários lutavam por uma chance de manter o clube, por onde já circularam sócios ilustres como Prestes Maia, Ayrton Senna, Faria Lima, Ary Silva, entre outros, em atividade.
 ...No parque aquático do Tietê, que possui estrutura
para prática de 23 modalidades esportivas,
há cinco piscinas, sendo duas com medidas olímpicas | O terreno de 49.720 metros quadrados, onde sempre funcionou o Tietê, é de propriedade da Prefeitura e havia sido cedido a partir de um contrato de comodato firmado através da Lei Número 7.214 de 26/11/1968, lavrada em 27/10/1969. O documento havia vencido e o prefeito Gilberto Kassab deixou o clube de fora do Projeto de Lei 219/2012, que estabelece a renovação dos contratos de comodato de agremiações instaladas em terrenos do município.
Ele justificou afirmando que a prerrogativa não pode ser aplicada a entidades com sentenças judiciais, situação do Tietê. Assim, dias depois do anúncio publicado no Diário Oficial em 17/5, o clube recebeu uma ordem de despejo da 6ª Vara da Fazenda Pública.
“Infelizmente, a reunião da última semana, em que estavam presentes o secretário de esportes, representantes do ministério público e corregedoria da prefeitura, não foi propícia para o Tietê”, informou Sally Barbosa Palmeiro, presidente do Conselho Deliberativo do clube à reportagem de AGZN, logo após a decisão. “Sem piedade, deram até o dia 26/11 para que nossa sede seja desocupada para reintegração de posse do terreno para a Prefeitura.”
Sócia desde 1950, Sally lamentou a forma como a decisão foi apresentada. “Foi um massacre”, definiu. “O que era para ser uma reunião de conciliação serviu apenas para ser dada a informação de que devemos entregar o terreno no prazo estabelecido”.
Ainda sob o impacto do ocorrido, a presidente do Conselho Deliberativo não sabe o que acontecerá agora, mas afirma que o clube irá recorrer. “Nosso advogado vai entrar com um recurso”, explicou. “Agora, está nas mãos da política. Quem sabe com essa nova gestão possamos reverter alguma coisa. Mas agradeço por todo o apoio recebido.”
E ela questionou: “este clube foi construído em um terreno de charco com o suor dos seus associados, que com sacrifício montaram 23 departamentos esportivos. Agora, o Tietê irá para onde? Não terá sequer uma sala para colocar sua documentação, visto que, ao ser despejado, o nome Clube de Regatas Tietê continuará existindo. Além disso, seus funcionários, a maioria já com idade que não lhes permite arrumar outro emprego, também estarão na rua”.
Hoje, a instituição conta com 750 associados e 49 funcionários. Em sua sede, há mais de cinquenta anos, funciona a Escola Tietê Aldo Boroncelli, que atende 170 alunos do ensino fundamental ao médio. Em seu acervo cultural, que poderá ficar sem abrigo, há 2,5 mil troféus, medalhas e fotos. Em suas dependências também funciona desde 2009, por determinação da Prefeitura, a Faculdade Zumbi dos Palmares.
Em caso de reintegração de posse, a área em questão ficará sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes. A atual gestão propõe a instalação de um clube escola no local. Mas a decisão final ficará por conta do próximo prefeito, que assumirá o cargo em 1º/1.
História de glórias
O Clube de Regatas Tietê, um dos mais tradicionais do Brasil, foi inaugurado no dia 6 de junho de 1907 por um grupo de imigrantes portugueses para a prática de remo no Rio Tietê. Após um ano, a agremiação se tornou a primeira associação paulista a vencer uma prova da modalidade, em alta na época, no Rio de Janeiro.
Em 105 anos de história, marcou época com competições de remo no Rio Tietê, levando delegações a Olimpíadas e sediando o treinamento de atletas como a tenista Maria Esther Bueno (tricampeã mundial de Wimbledon em 1959, 1960 e 1964) e os nadadores Maria Lenk (recordista mundial dos 200 e 400 metros nado peito) e Abílio Álvaro da Costa Couto (recordista mundial da travessia do Canal da Mancha).
A agremiação, que tem a primeira piscina olímpica da América Latina e um dos maiores tatames latino-americanos para a prática de judô, acumula conquistas esportivas e sociais. Em sua sede, foram criadas instalações em medidas oficiais para a prática de 23 modalidades.
Reconhecido nacionalmente por seus feitos, participou com seus atletas da disputa de Olimpíadas e Pan-americanos. Também sediou competições sul-americanas e um pré Pan-americano. Em 1978, organizou e promoveu em suas instalações o maior campeonato noturno interclubes do mundo, com 2.560 participantes.
 Nesta foto de 1964, um registro dos tempos áureos do
Clube de Regatas Tietê, que chegou a ter trinta mil associados | Até meados dos anos 80 e 90, os shows e as festas, especialmente as quermesses e as chamadas “domingueiras”, promovidos no clube também eram badalados e invariavelmente ficavam lotados.
Em seu parque aquático há cinco piscinas, sendo duas com medidas olímpicas, uma balneária, uma infantil e uma coberta e aquecida.
Sua estrutura conta ainda com academia de ginástica, seis quadras abertas e uma coberta, três ginásios (ginástica olímpica, vôlei, basquete/futebol de salão), sete quadras de tênis, campo de futebol, pista de atletismo, salão de jogos (carteado, sinuca e xadrez), espaço para bocha, salão social para 1.570 pessoas, boate para 400 pessoas e área com churrasqueiras.
Nos últimos anos, apesar das dificuldades financeiras, o Clube de Regatas Tietê manteve 20 convênios firmados com agremiações atléticas de diversas universidades, como Santa Casa, Faap, PUC, FMU, entre outras. Também tinha parcerias com sindicatos de várias categorias, sendo uma opção de lazer para seus associados, além de oferecer espaço para treinamentos dos Bombeiros, da Polícia Militar do Gate e da Guarda Civil Metropolitana.
Três delegações da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa – mirim, olímpica e paraolímpica – estavam treinando no local, assim como atletas bolsistas de diversos bairros. O clube também estava investindo em modalidades diferentes, como rúgbi (futebol americano) e roller derby (competição feminina sobre patins). |
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