No período de 4 de janeiro a 28 de fevereiro, 7.501 casos foram notificados e 1.833 foram confirmados autóctones (contraídos no município)
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A Secretaria Municipal da Saúde realizou uma pesquisa sobre a densidade de larvas para identificar a situação da presença da larva do mosquito transmissor e criadouros nos domicílios ocupados.
Segundo o secretário, os dados mostram um aumento significativo em recipientes como caixas d’água e baldes. Para o secretario adjunto de Saúde, Paulo Puccini, a crise hídrica é corresponsável pela elevação dos números. “Os recipientes de armazenamento de água que não existiam ano passado passaram a existir como criadouros de uma forma muito expressiva, três vezes ao que ocorreu em 2014”, disse.
Na última segunda-feira, 16, a Secretaria da Saúde de São Paulo informou que um menino de onze anos, morador do Jardim Miriam, Zona Sul, morreu por dengue na capital paulista. É a segunda morte pela doença registrada na cidade neste ano de 2015. Uma idosa de 84 anos, moradora da Brasilândia, morreu em 28 de janeiro.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a dengue já atinge mais de 90% das cidades paulistas. Dos 645 municípios, 604 já registraram ao menos um caso com diagnóstico da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) neste ano. Foram 123.738 notificações, ou 281 para cada 100 mil habitantes - acima de 300, configura-se epidemia, 692% a mais do que o número notificado no mesmo período de 2014. Com a alta, São Paulo já responde por 55% dos casos suspeitos de dengue registrados no País.
Testes e vacina
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), responsáveis pelo desenvolvimento de uma vacina contra dengue, estão em busca de voluntários para testes em humanos. O estudo começou em 2013 e está na segunda fase. A previsão é que as doses estejam disponíveis nos postos de saúde em três anos. Os voluntários precisam ter entre 18 e 59 anos. Quem quiser se inscrever para receber a vacina deve ligar para o telefone 2661-3344 e agendar uma triagem.
São Paulo já responde por 55% dos casos suspeitos de dengue registrados no País
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A vacina é produzida com o próprio vírus da dengue, mas enfraquecido. “Até agora foram vacinados cerca de 160 (voluntários), todos eles toleraram muito bem a vacina e a gente pode entender cada vez melhor que, provavelmente, trata-se de uma vacina muito segura”, disse o professor de Medicina, Esper Kallas.
Nesta segunda fase do estudo, o objetivo é vacinar mais 140 voluntários até o meio do ano. Segundo os pesquisadores, os testes em humanos são necessários porque, antes de chegar ao público, a vacina vai passar por uma terceira etapa, com a aplicação das doses em mais 15 mil pessoas.
Os efeitos colaterais não são graves, de acordo com a coordenadora da pesquisa, Lilian Ferreri. “Algumas pessoas relatam um pouco de dor no corpo, uma vermelhidão na pele, mas nada grave, nada que tenha sido necessário internar alguém ou coisas desse gênero”, relatou.
Sintomas, alertas e prevenção
Existem quatro tipos do vírus da dengue: O DEN-1, o DEN-2, o DEN-3 e o DEN-4. Eles causam os mesmos sintomas. A diferença é que, cada vez que se pega um tipo do vírus, não pode mais ser infectado por ele. Ou seja, na vida, uma pessoa só pode ter dengue quatro vezes.
Cerca de 70% a 90% das pessoas que pegam a dengue pela primeira vez não têm nenhum sintoma. Nos casos mais graves, a doença pode ser hemorrágica ou fulminante, levando à morte. Os principais “sinais de alerta” da doença são dor intensa na barriga, sinais de desmaio, náusea que impede a pessoa de se hidratar pela boca, falta de ar, tosse seca, fezes pretas e sangramento.
É essencial fazer tanto um diagnóstico clínico – que avalia os sintomas – como o exame laboratorial de sorologia, que verifica a contagem de hematócritos e plaquetas no sangue. A contagem de hematócritos acima do normal e de plaquetas abaixo de 50 mil por milímetro cúbico de sangue pode ser um indício de dengue.
O monitoramento clínico e laboratorial tem de ser constante, principalmente 72 horas após o período de febre. A complicação maior acontece no quinto dia da doença. O paciente tem de fazer pelo menos três exames de sangue, no início da dengue, depois da febre e uma terceira vez para ver se as plaquetas já voltaram ao normal.
A hidratação do paciente é parte importante do tratamento, pois a dengue é uma doença que faz a pessoa perder muito líquido. Por isso, é preciso beber muita água, suco, água de coco ou isotônicos. Bebidas alcoólicas, diuréticas ou gaseificadas, como refrigerantes, devem ser evitadas. Não existe um medicamento específico para a doença. A medicação serve basicamente para aliviar as dores.
Como prevenir:
•Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;
•Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo e as recicláveis guardadas fora da chuva;
•Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;
•Caixas d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras, sem rachaduras, ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;
•Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;
•Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;
•Lonas, aquários, bacias, brinquedos devem ficar longe da chuva;
•Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou “Operação Cata-Bagulho”;
•Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge; ponha água só na terra.
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